Com pouco mais de 1800 habitantes e tendo sido fundada em 1985, El Chaltén é uma pequena cidade turística da província de Santa Cruz aos pés do Monte Fitz Roy (aka Cerro El Chaltén), que fica a 210 km de El Calafate.
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Cerro Fitz Roy, Ruta Provincial 23, chegando em El Chaltén. |
A cidade leva o nome da montanha próximo a ela, o Cerro El Chaltén com 3.405m de altura, que vem da língua dos povos originários locais (
Aonikenk ou
Tehuelche), que significa "montanha que fuma" ou "montanha azul". E posso dizer que concordo com esse nome, repare que na grande maioria das fotos sempre tem uma "nuvenzinha" no cume, como se ele estivesse sempre fumando algo, com uma fumaça ao redor. O nome Monte Fitz Roy só surge em 1877, quando Francisco Moreno (naturista que explorou a região) resolveu homenagear o capitão da expedição Beagle, Robert Fitz Roy.
A localização da cidade se deve mais para fixar população argentina no local, pois havia uma certa disputa territorial na região da fronteira com o Chile.
A cidade atrai muitos turistas, principalmente os amantes de aventura para suas trilhas de trekking, montanhismo, rafting, caiaque, cavalgadas, etc, para visitar os cerros Chaltén e Torre, o Lago Viedma, e várias lagunas de degelo, como a Capri e a de los Tres, que fica nos pés do Cerro Chaltén (Fitz Roy).
Para ir a El Chaltén, partindo de El Cafalate pode-se fazer o trajeto com carro alugado, ônibus ou por agência de viagem com passeios de um dia inteiro. A estrada entre as duas cidades é boa, e o visual é incrível!!
A vontade de ir a El Chatén era muita, mas a distância entre El Calafate me desanimou um pouco, levando umas 3h30 para ser feita apenas a ida (são pouco mais de 200km de distância). Pra fazer com agência teríamos que acordar muito cedo e ficar no compasso do guia, coisa que eu não curto muito, me gera uma ansiedade enorme!
Então tínhamos deixado o último dia do nosso roteiro em El Cafalate "vago" para podermos analisar o que faríamos. Havíamos nos interessado em conhecer um "parque" com fósseis, mas a centralização de serviços em El Calafate chega a ser irritante, pra não dizer mafioso. Os passeios são feitos por apenas uma agência e não te deixam fazer por conta, ou seja, não poderíamos pegar o carro e ir ver o local com os troncos fósseis por se tratar de propriedade particular, fechada apenas para aqueles que compram o pacote como um todo, desde o traslado, lanche, etc. Desanimador.
Assim, combinamos que iríamos até um mirante que tem no Lago Viedma, parando na única lanchonete (Parador La Leona) que tem entre EL Calafate e El Chatén. E assim o fizemos. Saímos da Hosteria Posta Sur, onde estávamos hospedados, às 10h da manhã e seguimos pela RP11 até pegamos o trevo com a Ruta 40 e irmos em direção Norte. A estrada tem ótimas condições e o cenário é lindo! Vários pontos de mirante, coloquei os que paramos em nosso trajeto no wikiloc.
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Fitz Roy a partir da Ruta 40.
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Ruta 40 a caminho de El Chaltén. |
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Afloramentos na Ruta 40 |
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Primeiro mirante após o Parador La Leona, antes de chegar no Lago Viedma, já dá pra ver o Cerro Fitz Roy. |
Chegamos no mirador que tanto queríamos e ao ver como o céu estava lindo e azul, acabou que decidimos seguir até El Chaltén! Então seguimos até o trevo com a RP23. A Ruta Provincial 23 é a coisa mais linda que já andei na vida! Paisagens maravilhosas, e geologicamente falando, estruturas surpreendentes. Passaria dias ali! Esses lagos, Viedma e Argentino, são lagos de derretimento das geleiras e na última glaciação essas geleiras chegavam onde hoje é o lago em si, então com o derretimento, forma-se o lago, a geleira recua, mas as estruturas ficam, então é possível perceber as Morenas ao longo da estrada. Fora a quantidade de dobras e falhas, de livro!!
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Cerro Fitz Roy visto do último Mirante na Ruta 40 |
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Puxando no zoom |
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Dobras na RP 23 |
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Dobras e Falhas na RP 23 |
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Entrada do Parque Nacional Los Glaciares em El Chaltén |
A estrada é basicamente uma grande reta, mas não aconselho a andar rápido, pois tem muito bicho solto por perto, principalmente guanacos, que podem causar um acidente horroroso. Então prudência sempre! Tem tanto bicho que no trajeto contamos mais de 20 mortos presos nos arames farpados das fazendas locais (nunca entendi porque tem que colocar esse tipo de cerca num lugar de natureza tão esplêndida!).
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Gado solto na RP 23 |
Chegamos em El Chaltén 13h50. Paramos nosso carro alugado na praça principal e fomos almoçar no Patagonicus. A comida estava boa, o único problema foi a falta de internet para que a moça pudesse passar o cartão de débito (estávamos usando o Wise) e nossa sorte foi que ainda tínhamos dólar na carteira e pagamos dessa maneira.
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Patagonicus Resto-Bar |
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A toalha do restaurante tem os nomes dos picos de El Chaltén. |
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Nossos pratos. |
Demos uma voltinha pela pequena cidade, as meninas brincaram na pracinha, mas optamos em não fazer nenhuma trilha porque já estava tarde e ainda teríamos 3h30 de viagem pra retornar. Assim, se você quiser fazer trilhas eu recomendo fortemente que durma uma noite na cidade para fazer tudo com calma, ou encare acordar cedo com a agência, mas mesmo assim não dá tempo de fazer trilhas maiores, para isso só ficando mais dias na cidade.
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Rua Miguel Martin de Guemes, em frente ao Restaurante Patagonicus. |
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Estatua A Esquiadora, com Fitz Roy ao fundo - El Chalten |
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Lavanda em uma das praças e parquinhos com brinquedos infantis, sempre com o Fitz Roy ao fundo; |
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Cerro Fitz Roy |
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Estátua La Mochila Gigante, El Chaltén |
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A cidade sempre com o Cerro El Chaltén ao fundo. |
Mesmo dirigindo por 7h no total te falo: o lugar é lindo DEMAIS. Valeu super a pena, porque não foi só o destino final, todo o trajeto é maravilhoso. Se você for fazer o mesmo recomendo que vá com tanque cheio, porque não tem posto de combustível no caminho e por lá vi apenas um microposto fechado...
Caso você se interesse em fazer as trilhas, são várias as opções. O blog Em algum lugar do mundo tem um post completo sobre elas, bem detalhado.
Nosso roteiro de 13 dias na Patagônia Argentina já está publicado aqui no blog. Dá uma conferida lá para ajudar a você montar a sua próxima viagem de férias.
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