Nosso primeiro dia em Roma reservamos para fazer novos locais que eu não tinha visto e que fossem mais distantes do "centro" de Roma, e assim visitamos a Basílica de São João de Latrão, as Termas de Caracala e Trastevere, e neste post vou contar como foi nosso dia.
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Fachada da Basílica di San Giovanni in Luterano |
Nós tomamos nosso
café da manhã no hotel cedo (por volta das 8h30) e optamos em pegar metrô para chegar na
Basílica di San Giovanni in Luterano. Como ficaríamos uma semana em Roma, compramos o tíquete de transporte de uma semana (€24/pessoa) no próprio metrô usando uma das máquinas, mas é possível pagar o transporte público usando cartão
contactless. De metrô na estação Termini, basta pegar a linha A para chegar na estação San Giovanni e chegar na Arquibasílica.
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Máquina de compra do bilhete ATAC em Roma
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Muralhas de Roma perto da Basílica. |
Situada no Monte Célio, a Basílica di San Giovanni in Luterano é a catedral de Roma, sendo a igreja-mãe da diocese da cidade. É a primeira das quatro maiores basílicas papais, a mais antiga e importante basílica do Ocidente. Sua construção começou no Século IV e foi consagrada em 324. A basílica passou por vários episódios dramáticos: o julgamento do Papa Formoso. em 896, que foi julgado depois de sua morte, tendo sido exumado (!!) e o veredito estabeleceu que ele fora indigno do pontificado, e assim seu corpo foi jogado no Rio Tibre. E neste mesmo ano, um terremoto causou desabamento da nave central, danificando a igreja, sendo necessária sua reconstrução. Os vestígios do edifício original são identificados nas Muralhas Aurelianas do lado de fora da Porta San Giovanni, e uma grande parede pintada atrás da Capela Lancellotti. Na Alta Idade Média, foi construída uma segunda basílica (Séc X), mas que foi incendiada em 1308. A igreja foi reconstruída pelo Papa Urbano V em 1360, mantendo sua forma original, mas depois de passar por novos terremotos e incêndios, no final do Século XVI, o Papa Sisto V mandou demolir e reconstrui-la a partir do zero pelo arquiteto Domenico Fontana. O prédio atual, já é a quarta construção, da Era Barroca, depois que o Papa Inocêncio X fez uma reforma radical, confiando a obra a Borromini; as obras continuaram até o pontificado de Clemente XII, quando a fachada principal, projetada por Alessandro Galilei, foi finalmente construída e concluída em 1734, removendo os vestígios do traçado tradicional da antiga basílica. Da basílica medieval, apenas o piso cosmatesco (mosaicos feitos em mármore), cibório e o mosaico da abside permanecem visíveis. No interior da Basílica, existem 12 esculturas monumentais dos Apóstolos. A porta principal da basílica vem da Cúria Júlia, a antiga sede do Senado Romano (localizado no final do lado menor do Foro Romano). Nesta Basílica está uma das quatro portas santas que somente são abertas durante o Jubileu da Igreja Católica.
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Interior da Basílica di San Giovanni in Luterano |
A entrada para a catedral é gratuita, e ela funciona todos os dias das 07h, às 18h30. Além da Catedral, pode-se conhecer o Museu, o Claustro, o Batistério, o Palácio Luterano, a Escada Santa e as Escavações (requer agendamento no accoglienza.musei@scv.va com pelo menos 72h antes da data desejada. com guia)
Nós chegamos na Basílica às 9h30, depois de passar pela revista, pudemos passar pela Porta Santa sem filas. A igreja é muito bonita, e impressiona pelos detalhes, desde o piso até o teto, e as esculturas dos apóstolos ficam na nave principal da igreja. Embaixo do altar tem uma estátua de São João, onde as pessoas atiram moedas.
Próxima a Basílica é possível conhecer a Escada Santa (Pontificio Santuario della Scala Santa). É dito pela tradição que Helena, mãe de Constantino, o Grande, converteu-se ao cristianismo e foi responsável pela conversão do filho, e que ela trouxe para Roma a escadaria do Pretório de Jerusalém, onde Pôncio Pilatos julgou Jesus. E desde então a escada é considerada pelos devotos um Santuário por excelência da Paixão de Cristo. No topo da escadaria fica a Capela Sancta Sanctorum, com algumas relíquias cristãs. A visita também é gratuita e ela funciona todos os dias, de Segunda a Sábado das 06h às 14h e das 15h às 18h30 (19h de Abril a Outubro), e nos Domingos e feriados começa apenas às 7h.
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Scala Santa em Roma |
Nossa visita à Escada Santa foi rápida, pois ali não é permitido filmar ou tirar fotos e você apenas pode subir a escada de joelhos. O mármore da escadaria é protegido por tábuas, e chega estar liso de tanto desgaste pelos devotos. E confesso que só agora lendo para escrever o post que soube que poderia ter subido para a Capela pela escada lateral mas ao custo de €3,5/adulto (€3 para crianças entre 6 e 18 anos, estudantes com carteira universitária, maiores de 65 anos ou grupos de mais de 20 pessoas com reserva feita pelo email scalasantaroma@gmail.com).
Como estava chovendo, e nossas pernas já estavam cansadas depois de tantos dias caminhando, optamos em pegar um ônibus (714/792) até a Termas de Caracalla.
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Circo Massimo, no caminho entre a Basílica e o ponto de ônibus |
As Terme di Caracalla são um dos mais grandiosos exemplos de termas imperiais em Roma ainda preservadas e livres de construções modernas. Elas foram construídas entre 212 e 216 d.C. em uma área adjacente à Via Ápia. Estes banhos públicos foram os mais impressionantes do Império Romano até a inauguração das Termas de Diocleciano. Elas serviam aos moradores das regiões I, II e XII. Para abastecer as termas com água, em 212 foi criado um ramal da Aqua Marcia, que cruzava a Via Ápia e ia até o Arco de Druso. Em 537 as termas deixaram de funcionar e o local foi abandonado e reutilizado várias vezes, inclusive para fins residenciais, e mesmo como vinhedo, e suas ruínas foram usadas como pedreiras para a Catedral de Pisa e a Basílica de Santa Maria em Trastevere. Muitas das obras que ali existiam entraram para a coleção Farnese e podem ser visitadas no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, inclusive uma das colunas de granito foram deslocadas para a Piazza Santa Trinita, em Florença, e nomeada como Coluna da Justiça. Desde 1937, a parte central das termas tem sido usada para concertos ao ar livre e apresentações teatrais. Em 1960, as Termas sediaram as competições de ginástica durante as Olimpíadas de Roma. Depois de 1800 anos, em 2024 a água voltou a fluir no local, no novo espelho d'água colocado na entrada do monumento. As Termas funcionam de Terça a Domingo, abrindo às 9h e o horário de fechamento varia entre 16h30 (outubro a fevereiro) e 19h15 (março a agosto) (sugiro ver o horário para a época de sua visita, pois em dias de evento o horário de abertura é alterado). O ingresso custa a partir de €8/adulto (€2 entre 18 e 25 anos, e gratuito para menores de 18 anos).
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Terme di Caracalla, Roma |
Nós chegamos às Termas de Caracalla às 11h debaixo de uma chuva fina (e com dois guarda-chuvas que compramos em frente à Basílica) e compramos nossos ingressos na hora, sem filas. O local é enorme, e diferente de outros pontos de atração de Roma, possui placas explicativas, que permite conhecer o local e sua história, mesmo sem guia. Nos jardins, em alguns pontos eles reuniram achados arqueológicos que sobreviveram ao desmonte, como pedaços das paredes com os mosaicos. O novo espelho de água funciona em intervalos regulares e neste dia frio proporcionou uma névoa que deixou o lugar pitoresco.
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Entrada das Termas de Caracalla
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Placa explicando a origem das pedras que pavimentam as Termas de Caracalla |
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O espelho d'água das Termas de Caracalla e o exterior do prédio |
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Interior das Termas de Caracalla |
A parte central das Termas, onde estão os prédios, é interessante conhecer e imaginar a vida ali quando tudo era novo.
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Terme di Caracalla, Roma |
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Mais fotos do interior das Termas de Caracalla |
Conseguimos visitar também a Domus di Vigna Guidi, uma construção da época da Roma Adriana, com afrescos desta época que foram restaurados recentemente.
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Domus di Vigna Guidi |
Saímos dali e pegamos um ônibus até Trastevere. Onde paramos para almoçar no Rione 13 Ristorante (Via Roma Libera, 19), mesmo sem reserva. Nós pedimos Chicken wok (€15) e Gnocchi (€15) e estava tudo muito gostoso. Gastamos €106 entre pratos, bebidas e coperto.
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Rione 13 Ristorante, Trastevere |
Trastevere ("além do Tibre") é um bairro localizada na margem direita do Rio Tibre, ao Sul do Vaticano. Na Idade Média, Trastevere tinha ruas estreitas, sinuosas e irregulares, e mesmo com demolições, a região permaneceu um labirinto de vielas. A água só chegou ali em 1612 com a construção do aqueduto Acqua Paola. A região é lotada de Igrejas históricas, palácios, vilas e monumentos.
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Trastevere, Roma |
Depois do almoço, subimos a colina para conhecer a Fontana dell'Acqua Paola (Via Garibaldi), uma fonte monumental localizada na colina Janículo, sendo um projeto de Giovanni Fontana e Flaminio Ponzio como ponto terminal do aqueduto de Trajano, de 1614. Originalmente a fonte tinha cinco bacias correspondentes aos arcos, mas em 1690 ela foi reformada e ganhou uma grade bacia semicircular. É dito que ela foi inspiração para a Fontana di Trevi e te digo, elas se parecem bastante.
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Fontana dell'Acqua Paola |
Do outro lado da rua, é possível ver Roma do alto da Colina.
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Alguns pontos turísticos vistos da Fontana dell'Acqua Paola (com zoom, ok?) |
Para descer a colina optamos em esperar o "grande" pequeno ônibus, que demorou horrores e não seguiu o calendário previsto no app Citymapper (coisas da Itália rs).
Chegamos na Basílica di Santa Maria in Trastevere, a igreja mais importante de Trastevere, localizada na Piazza di Santa Maria in Trastevere. Ela foi fundada pelo Papa Calisto I, e sua construção começou no Século IV e ela passou por várias reformas e modificações. Ela funciona diariamente, das 07h30 às 20h.
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Fachada da Basílica di Santa Maria in Trastevere. |
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Interior da Basílica di Santa Maria in Trastevere. |
Saindo da Igreja, fomos caminhando pelas ruas e resolvemos comer Tiramisú no Tiramisú Merisù (Via di S. Francesco a Ripa, 29), e pedimos um tradicional (€5) e um de Pistache (€6). Estavam bem gostosos.
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Tiramisu "normal" e de Pistache em Trastevere |
Finalmente chegamos na Chiesa di San Francesco a Ripa (Piazza di S. Francesco d'Assisi, 88), que tem esse nome devido à proximidade do extinto porto de Ripa Grande, que dominava o Rio Tibre até o Século XIX. A igreja, cuja construção começou no Século XIII, fica no mesmo local onde funcionava um antigo hospital e hospício para o cuidado dos pobres construído no Século X, que dependia do mosteiro beneditino vizinho, onde Francisco de Assis encontrou alojamento entre 1209 e 1223. Sua fachada é modesta em estilo barroco. Nesta igreja é possível conhecer a escultura Beata Ludovica Albertoni feita por Bernini. A igreja funciona todos os dias, das 7h30 às 12h e das 16h30 às 19h30 e a visita é gratuita.
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Fachada da Chiesa di San Francesco a Ripa |
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Interior da Chiesa di San Francesco a Ripa |
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Altares da Chiesa di San Francesco a Ripa |
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Beata Ludovica Albertoni feita por Bernini |
Saindo de Trastevere fomos caminhando para a estação de metrô Piramide (linha B), passando pela Porta São Paulo, uma das portas meridionais da Muralha Aureliana e tem aspecto de um castelo com duas torres, e pela curiosa Pirâmide de Céstio, cuja construção é de 12 a.C. para servir de túmulo para Caio Céstio Epulão.
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Porta São Paulo, Roma |
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Pirâmide de Céstio, Roma |
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Estação de Metrô Pirâmide, em Roma |
Finalmente voltamos para a região do Termini, onde optamos em comer no Restaurante Amodei (Via Principe Amedeo, 7B) novamente, do lado do Hotel Gênova onde ficamos hospedados. Gastamos €75,50 em nosso jantar.
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Nossos pratos no Restarante Amodei |
Os demais dias desta viagem podem ser lidos nos próximos posts, a medida que eu conseguir publicá-los. No post "índice" do Roteiro vou deixar todos linkados para facilitar a buscar, caso tenha interesse. Até logo.
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