Na Páscoa decidimos testar um trecho do nosso roteiro para a Estrada Real, e pudemos constatar algumas, digamos, 'falhas' no turismo no Brasil e eu gostaria de saber se foi apenas sensação minha, ou se você quando viaja passa pela mesma coisa.
Vou tomar o exemplo da Estrada Real, pois está tudo tão recente ainda na memória que facilita bastante rs.
A Estrada Real é composta pelos caminhos que eram utilizados para escoar o ouro e as pedras preciosas de Minas Gerais para Portugal. E hoje ela é mapeada por marcos, toda planilhada, divulgada, dando a sensação de que as cidades que integram esse circuito estão cientes da sua importância nesse contexto, certo?!
Errado!
Como assim?!
Vamos por partes: fizemos o trecho Juiz de Fora - Ewbank da Câmara, que passa pela Vila Militar e pela Represa Dr. João Penido, administrada pela CESAMA. Assim que chegamos na Vila Militar, o soldado se aproximou e perguntou o que queríamos e comentei da Estrada Real, ele respondeu que desconhecia, mas que a gente poderia passar por ali, deixando nome e placa do carro. Ok, o fizemos e imaginei que a gente havia se perdido em algum lugar, mesmo tendo seguido a planilha a risca e estarmos usando o rastro de GPS disponibilizado pelo próprio Instituto Estrada Real. Seguimos. Para a minha surpresa, a menos de 2 km da portaria e em frente à entrada do condomínio de casas dali existem dois, isso mesmo DOIS, marcos da Estrada Real. E logo mais à frente, perto da represa existe uma portaria, com vigia que queria barrar nossa passagem, pois não tínhamos pegado autorização de passagem junto à companhia (CESAMA) e que ele deixaria a gente passar por camaradagem, mas que a Estrada Real não passava por ali e sim por dentro da mata. Entranhei novamente, mas agradecemos... e pimba! A 1,5 km da cabine do cara estava o Marco 1738!!
Então me digam, como duas pessoas "plantadas" na Estrada Real, com os marcos ali, convivendo com eles e eles não sabem nem da existência do circuito?! Como fizeram os outros turistas que seguiram por ali? Ou não o fizeram e desviaram?! Seria falta de atenção das pessoas, ou falta de treinamento?! A gente estava baseado em planilhas e GPS, e quem não tem este suporte, faz como?!
Outro cenário, ainda neste feriado, resolvemos visitar a Nascente do Rio Doce, pegando informações com o pessoal que administra o acesso, mas que por ser Páscoa não puderam nos acompanhar. Ele tinha me recomendado ir por Ressaquinha, que é o município que abriga a nascente, mas como estávamos em Barbacena, preferi seguir por Pinheiro Grosso e São José de Pouso Alegre. Assim, na estrada, perguntamos a 3 senhores que caminhavam ali sobre a nascente e um deles fez uma cara de espanto tremenda, mandando a gente retornar e ir para a cidade de Alto do Rio Doce. E se eu não tivesse conversado com o pessoal da nascente, acharia que estava errada e perderia completamente a visita ao local.
Mais uma vez, as pessoas, moradores locais, não tem ideia dos lugares em que vivem e do potencial turístico que essas coisas tem. Para eles pode ser mais uma nascente, mas para a gente é a Nascente do Rio Doce, um dos principais rios do Brasil, que nasce ali, naquelas montanhas. Assim como a trajetória da Estrada Real, de suma importância e as pessoas desconhecem. Prova disso, aliás, é o acordo que o Instituto tem com as prefeituras das cidades, que elas deveriam manter os marcos e muitos deles estão completamente tombados, sumidos, escondidos na mata que os cobrem, sem as placas informativas...
Ainda, na sexta-feira, em pleno feriado, chegamos ao Museu Sacro Histórico de Tiradentes em Sebollas (Paraíba do Sul) às 11:30h e o museu estava fechado! Na internet você não acha horário de funcionamento... E ao vivo, o papel na porta informava o funcionamento: de quarta a sábado, das 11:00h às 17:00h. Ou seja, era para estar aberto e estava fechado a cadeado sem nenhuma explicação. E se você duvidar, muitos cariocas sequer ouviram falar deste museu... Eu mesma só fui descobrir a sua existência e importância estudando a Estrada Real!!
Tendo tido a impressão que a gente, como brasileiro, pouco se importa com a nossa própria história, não ligando para a importância de museus (bora aproveitar a #MuseumWeek e ir visitar aquele museu que você passa todo dia em frente e nunca entrou?!), de prédios históricos (como deixaram demolir o Palácio Monroe me intriga até hoje!!), até mesmo das ruas, pois muitos são incapazes de segurar o seu lixo quando vai para a praia ou fazer uma trilha e levar para casa para o descarte correto...
Por que a gente não mira nos exemplos que dão certo?! Vejo cidades com tanto potencial turístico sendo neglicenciado por politicagem... Uma pena, pois todos perdemos com isso...
O que você acha disso tudo que escrevi? Concorda, discorda? Tem alguma luz para que possamos alterar esse cenário?!
"Vejo cidades com tanto potencial turístico sendo neglicenciado por politicagem..."
ResponderExcluirConcordo com tudo o que vc disse, é muito triste ver isso acontecendo!
Sim, e parece que isso não vai mudar tão cedo, né? Uma pena. Enquanto o povo não assumir a sua posição, isso não vai mudar!
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